roteiro Queirosiano em Sintra

Em meados de Fevereiro, fui assistir a uma visita guiada da Andamento, intitulada o "Roteiro Queirosiano em Sintra", guiada pelo fantástico João Rodil.


 Adoro as visitas dele, é um peixes perfeito, com sentido de humor, bom orador, interessante, um excelente contador de estórias e de história.


Nunca tive tanto frio em Sintra, às 9h da manhã, com o sol encoberto, um vento horrível e uns belos 7º para enrijecer os músculos. Tinha três camisolas quentes, um casaco grosso, um lenço quente no pescoço, luvas, gorro e estava gelada.


Mas, claro, valeu a pena congelar o corpo para aquecer a alma.


Ao longo da visita, O João Rodil foi contando alguns episódios d' "Os Maias" e uma ou outra intervenção sobre outros livros do Eça e de outros contemporâneos e amigos do Eça. Sempre com as devidas alusões à época, em termos sociais e políticos, e, obviamente, o enquadramento das cenas na Vila de Sintra.


Partilhou ainda um resumo da obra científica do Dr. Carlos França, muito interessante, que eu desconhecia totalmente. São estes detalhes que fazem a diferença e merecem uma visita guiada por quem sabe.


Pelo caminho, ainda houve oportunidade para parar na fonte, deixar as resmas de espanhóis passarem e irem fazer barulho noutro lado.


Na impossibilidade de apreciar outras fontes mais selvagens e escondidas na serra, parar um pouco nesta sabe sempre bem.


O grupo que se inscreve nestas visitas da Andamento, não é sempre o mesmo, mas tem muitos cromos repetidos. No fundo, somos um grupo de velhos, se não em idade, pelo menos na alma e no prazer com que apreciamos estes momentos.


E para mim, são sempre momentos que ficam guardados num lugar bem fundo e doce da alma.
 

Sentar na escadaria d' "Os Seteais" é chegar à recta final da visita, é fazer festas ao gato velho que nos vem cumprimentar, é sonhar um pouco com tudo o que se ouviu e tudo o que nos vem à memória sobre Sintra. 


E, em manhãs de inverno como esta, é perceber que estamos velhos e congelados quando nos tentamos levantar.


Olhar para este relvado e imaginar os campos de centeio, os centeais, que deram origem ao seu nome é um bom exercício de visualização.


Depois do arco do palácio, lá bem no cimo, sem nunca se chegar a ver o Penedo da Saudade, fica o registo da fabulosa vista para os campos e o mar da minha alma.


A regressar em breve, num dia de menos frio e vento, com máquina a sério e sem tempo contado.

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