selected photo: best shape


Não encontro esta foto nos arquivos digitais, por isso tive de fotografar uma foto impressa. Também podia ter digitalizado, mas deu-me a preguiça. Só para justificar a fraca qualidade da imagem. Adiante.


Esta foto deve ser de 2012 ou 2013, por aí. Foi tirada de manhã no Cais do Sodré, onde apanhava o autocarro para o emprego. A espera era sempre grande e dava para tudo, até para ensaiar e tirar fotos, numa espécie de selfies, com o telemóvel apoiado no muro. Tenho muitas fotos de que gosto tiradas aqui. Escolhi esta para hoje, por vários motivos. Adoro os tons de laranja, adoro o cabelo que estava cheio de jeitos, adoro os corsários e as sandálias, adoro a mala de tecido E adoro o aspecto físico que tinha nesta fase. Foi provavelmente a melhor fase em termos físicos da minha idade adulta. Tinha o peso certo, não magra, mas elegante e sentia-me bem. Não sei se me sentia bem por isso ou se isso era resultado de me sentir bem. Whatever.

Esta semana é o meu aniversário. Como diz o meu pai, tenho 46 anos e para o ano faço 48 anos. A situação actual no mundo é estranha, como todos sabemos, e as consequências são muitas. Para mim, a pior de todas, não é estar em casa...é estar em casa por obrigação. E isso reflecte-se na minha imagem física. Estou cansada (de não fazer nada), com baixa energia, com peso a mais e vontade zero de me mexer. Mas os 47 estão à porta, quase quase a entrar, e a idade pesa de forma cada vez mais palpável. 

Toda esta inércia agrava os sintomas físicos e emocionais. É um desconforto físico generalizado. São as articulações presas e a doerem. É a desmotivação para fazer qualquer coisa, sendo que não há nada para fazer. Mentira. Há, mas não há vontade. E os 47 estão mesmo à porta e daqui em diante é cada vez mais difícil recuperar fisicamente o que quer que seja, desde a forma física às lesões. Então, escolhi esta foto de que tanto gosto, para me motivar a fazer algo por mim. A mexer-me, para tentar ganhar novamente flexibilidade e massa muscular. A alimentar-me adequadamente, por todos os motivos óbvios e mais algum. A olhar-me ao espelho com prazer, coisa que não tem acontecido muito. É que para além da falta de forma física, ainda há a ausência de sentido estético apurado. Vestir-me bem para estar em casa no sofá, na secretária ou nas limpezas? Nem é confortável. E o conforto pode ser um grande inimigo da beleza feminina. 


Assim sendo, dei a mim mesma estes últimos dias para gozar a inércia e o dolce fare niente, que é mais amargo que doce. Já comecei a cortar algumas coisas e hoje de manhã até fiz algumas sequências de exercício físico…mas com grande dificuldade.


E em termos astrológicos, vou recorrer ao meu capricórnio na casa 6 para ir buscar resiliência não sei onde. Vou pedir ao peixes que enfie a procrastinação na areia, em vez da cabeça. Vou pedir ao ascendente leão para acordar e se manifestar em esplendor. E vou analisar o retorno solar com atenção, porque já me dói e ainda faltam 3 dias…


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