o meu carneiro preferido

Este carneiro já me acompanha há muitos anos. Esteve em várias casas, sempre em branco original, ou seja, apenas a marfinite, sem pintura, e foi suporte do koshi. Ao longo do tempo, o branco foi ganhando uma tonalidade de verdadeiro branco-sujo, e nem com lavagens voltou ao branco original. Nesta casa, devido às pequenas dimensões e ao formato dos tectos, não encontrei nenhum local para o colocar. Inicialmente, deixei-o de lado a aguardar inspiração para o inserir na decoração, mas no meio das mudanças caiu e partiu um corno e uma orelha. Após um processo de colagem difícil, ficou com a marca junto à base do corno e ficou assimétrico. Juntando a isto o facto da cor não estar uniforme, nem bonita, decidi envelhecer toda a peça. Não pintei cor de base, limitei-me a aplicar o processo de envelhecimento, com betume da judeia e cera. Na minha opinião, o resultado final ficou óptimo e até o defeito da colagem ficou bonito, parecendo um corno verdadeiro, ao invés de uma peça perfeita feita em molde.



Contudo, continuava a não ter um local adequado para ele, onde tivesse uma função que não apenas decorativa, pois no fundo, esta cabeça de carneiro é um suporte, um pequeno cabide. Por enquanto, optei por o colocar na cozinha. O objecto estranho que ele está a suportar, é a minha torradeira. Sim, só uso destas torradeiras velhas e básicas, que não ocupam espaço, torram bem e não há fatias de pão caídas nas laterais, como acontece nas torradeiras eléctricas. Ainda que a cozinha não seja o local ideal em termos de estética, pois não combina com o estilo e tons da restante decoração, vai ficar por lá. Com o tempo, logo se vê se surge um espaço mais adequado para o meu carneiro. 


Amadora 2021

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