o móvel da minha vida


Este rádio é um Blaupunkt, comprado pelo meu avô quando a minha mãe ainda era uma adolescente. Eu não me recordo de o ver funcionar, mas o meu pai ainda se recorda disso. Esteve muitos anos guardado no sótão, onde está novamente neste momento, e onde irá ficar nos próximos anos, creio. A primeira casa onde o tive como meu, foi a casa cor de rosa, sobre a qual já escrevi aqui. Era a principal peça de mobiliário dessa casa, a minha preferida, e estava no hall de entrada. 


Na casa seguinte continuou a ter um papel de destaque, na sala espaçosa e cheia de luz, rodeado de plantas. Com o passar dos anos, pela acção do sol e das minhas gatas, a folha de madeira que cobria a porta acabou por se partir e soltar. Aqui neste espaço, foi onde mais se estragou, pois o sol era uma constante o dia inteiro.

Neste momento, está a aguardar o seu retorno à vida útil, enfiado no sótão cheio de pó. Por mais uns meses, apenas.


Por gostar tanto dele, ou talvez para não esmorecer nesta espera em que tudo está em suspenso, decidi recuperá-lo. Retirei toda a folha frontal e as marcas na madeira da base são bem notórias. Preciso de encontrar um verniz num tom adequado, para cobrir a porta e não destoar muito com o restante.


O interior já está arranjado, e com um óptimo aspecto. Ficam a faltar as laterais e encontrar uma solução para a parte de trás, que está descolada e com os fios à vista.

Estar entretida nesta pequena recuperação, soube-me bem momentaneamente, mas talvez não o devesse ter feito. O que eu gosto mesmo é de pegar numa coisa e levá-la até ao fim de seguida, à boa maneira da minha lua em carneiro. Se páro, por algum motivo, posso só retomar a tarefa uns meses ou anos depois, ou nem retomar de todo. Neste caso, sei que vou retomar, porque daqui a uns meses vou precisar dele pronto, mas este tempo de espera até lá é desmotivante. E estou tão farta de planear e não avançar!



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