entrada na era de aquário

2019


Antes de iniciar esta reflexão, quero deixar bem claro que não sou astróloga, nem tenho conhecimentos técnicos sobre o tema. Sou apenas uma curiosa, que observa o mundo à sua volta e absorve mais do que por vezes deseja, ainda que seja essa a minha natureza e o meu caminho. Este texto é a minha reflexão sobre a, tão desejada, entrada na Era de Aquário.


Tenho pensado sobre este tema e não consigo estar tão positiva quanto seria suposto. As opiniões que circulam, manifestadas por quem entende do assunto, são realmente positivas. Enaltecem-se as características da era, anseia-se pelo humanitarismo e o foco no colectivo. Compreendo os desejos e compreendo as manifestações em causa, contudo, não consigo deixar de ver as duas faces da moeda.

Olhando para a Era de Peixes, ela teria tudo para ter sido perfeita...amor pelo próximo, elevados padrões de altruísmo, amor de uma forma geral, intuição e proximidade com o divino. E o que nos dizem os últimos 2000 anos de história? Amor exacerbado, crimes passionais, proliferação de ideologias e seitas espirituais, lutas em nome do divino, guerras santas, extremismos religiosos e políticos, amar e matar em nome do território e do invisível. Ou seja, o lado mau da energia de Peixes. Claro que nestes 2000 anos muito de bom surgiu, muito se evoluiu e muito se amou da forma correcta. Mas a minha reflexão vem precisamente nesse sentido...o bom e o mau, a luz e a sombra.

Quando se enaltece e anseia pela Era de Aquário, apenas se anseia pela luz de Aquário. Os projectos para um futuro mais evoluído, com grandes avanços tecnológicos, um futuro de idealismo e interesses humanitários, de liberdade, do fim do preconceito, da equidade e da esperança, da originalidade e da independência. 

O meu pensamento, o meu empirismo e a minha intuição, dizem-me que não será bem assim, ou pelo menos, não será totalmente assim. Esta é a luz, que a maioria dos mortais ainda teimam em ver, ignorando a sombra. Mas e a sombra? O excesso do racional, a estratégia acima de tudo, a dificuldade na gestão das emoções, a frieza, o impessoal, a agressividade, o autoritarismo e o radicalismo. Essa é a sombra de que não se ouve falar, porque ainda vimos todos da Era de Peixes e, na forma mais eficaz de Peixes, não se fala no tema que pode ser que não se revele. Mas a sombra existe e faz parte da luz. 

Olhando para o mundo hoje, consigo ver muitos exemplos da luz de Aquário a despertar, mas também consigo ver muitos exemplos da sombra. Como pisciana, apesar de toda a loucura e neblina dos últimos 2000 anos, senti-me muito bem e sinto-me algo intranquila com esta nova Era de Aquário. E de todas as sombras possíveis, as que mais me intranquilizam são a frieza e o autoritarismo, de mãos dadas. 


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Before starting this reflection, I want to make it very clear that I am not an astrologer, nor do I have technical knowledge on the subject. I am just a curious person, who observes the world around him and absorbs more than he sometimes desires, even if that is my nature and my path. This text is my reflection on the so desired entry into the Age of Aquarius.

I've been thinking about this topic and I can't seem to be as positive as I would have expected. The opinions that circulate, expressed by those who understand the subject, are really positive. The characteristics of the era are praised, humanitarianism and a focus on the collective are craved. I understand the desires and I understand the manifestations in question, however, I cannot help seeing the two sides of the coin.

Looking at the Age of Pisces, she would have everything to have been perfect ... love for others, high standards of altruism, love in general, intuition and closeness to the divine. And what do the last 2000 years of history tell us? Exacerbated love, passionate crimes, proliferation of ideologies and spiritual sects, struggles in the name of the divine, holy wars, religious and political extremism, loving and killing in the name of the territory and the invisible. That is, the bad side of Pisces energy. Of course, in these 2000 years a lot of good has come, a lot has evolved and much has been loved in the right way. But my reflection is precisely in that sense ... the good and the bad, the light and the shadow.

When you praise and yearn for the Age of Aquarius, you only yearn for the light of Aquarius. Projects for a more evolved future, with great technological advances, a future of idealism and humanitarian interests, freedom, an end to prejudice, equity and hope, originality and independence.

My thoughts, my empiricism and my intuition, tell me that it will not be quite so, or at least, it will not be quite so. This is the light, which most mortals still insist on seeing, ignoring the shadow. But what about the shadow? The excess of the rational, the strategy above all, the difficulty in the management of the emotions, the coldness, the impersonal, the aggressiveness, the authoritarianism and the radicalism. This is the shadow that is not heard, because we have all seen the Age of Pisces and, in the most effective form of Pisces, there is no mention of the topic that may not be revealed. But the shadow exists and is part of the light.

Looking at the world today, I can see many examples of the Aquarius light awakening, but I can also see many examples of the shadow. As a Piscean, despite all the madness and fog of the last 2000 years, I felt very well and I feel somewhat uneasy with this new Age of Aquarius. And of all the possible shadows, the ones that most disturb me are coldness and authoritarianism, hand in hand.

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